Estudo aponta que 40% dos casos de demência estão ligados a fatores de riscos modificáveis

O neurologista Daniel Escobar | Foto: Divulgação

Estima-se que ao menos 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos vivem com alguma forma de demência. A previsão é que, até o final desta década, a doença já atinja 2,78 milhões de pessoas no país. Uma boa notícia pode ajudar a conter o crescimento desses números: um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, mostrou que quatro em cada dez diagnósticos de demência estão relacionados a oito fatores de risco modificáveis, ou seja, podem ser evitados.

A pesquisa pode desempenhar um papel crucial na prevenção da demência. “Os resultados revelaram que a abordagem de certos comportamentos e hábitos pode ter um impacto significativo na redução do risco de desenvolvimento da doença. São fatores de riscos que podem ser alterados com uma mudança de estilo de vida”, explica o neurologista Daniel Escobar.

Para chegar ao resultado, foram analisados dados de saúde de 220.762 pessoas com idades entre 50 e 73 anos, inscritos em estudos de longo prazo. O objetivo era monitorar os 28 fatores de risco conhecidos para descobrir os de maior impacto. Desse total, 11 foram associados a um risco mais significativo para o desenvolvimento de qualquer doença relacionada à demência. Apenas três deles não podem ser alterados pelo paciente: idade, ser homem e ter um diagnóstico de demência do pai ou da mãe.

Na lista de fatores que podem ser controlados estão: histórico de diabetes, depressão e acidente vascular cerebral (AVC); pressão arterial e colesterol altos; menor escolaridade, classe econômica mais baixa e viver sozinho. “Sabermos que mudanças de hábitos de vida podem ajudar as pessoas a reduzirem o risco, mesmo se tiverem uma predisposição maior à doença, é um grande avanço”, pontua Escobar.

O neurologista explica que, apesar de serem fatores de risco, se encaixar em algum desses quadros não significa que desenvolverá a demência. Por outro lado, o estudo mostrou que o risco estimado para uma pessoa com todos esses sintomas será aproximadamente três vezes maior do que alguém da mesma idade que não os tenha.

“É importante estarmos alertas com os sinais que o corpo nos dá. Na fase inicial da demência, a pessoa apresenta alteração na memória e passa a esquecer coisas simples do dia a dia. Outros sintomas são desorientação, dificuldade para planejar coisas simples e mudança no comportamento. Quando alguém apresenta esses fatores de risco, precisamos avaliar o quanto antes”, pontua o neurologista.

Um dos tipos mais comuns de demência, o Alzheimer agora pode ser detectado por uma amostra de sangue simples, por meio de exame feito em laboratório. O teste, que já está disponível no Espírito Santo, analisa proteínas que estão relacionadas à doença, como a beta-amiloide, a TAU e a TAU fosforilada.

“É um exame menos invasivo e com um custo mais acessível. Pode ser usado quando temos suspeita de casos precoces de Alzheimer ou para fazer o diagnóstico diferencial com outros tipos de quadros demenciais. Tem sido um aliado no consultório para diagnosticar a doença em pacientes com sintomas de comprometimento cognitivo”, afirma o neurologista Daniel Escobar.

O médico reforça que, no entanto, o exame sozinho não fecha um diagnóstico. “Para termos um paciente diagnosticado com Alzheimer avaliamos um conjunto de dados e o teste só deve ser realizado quando feito em pessoas com sinais e sintomas. Não deve ser realizado de forma aleatória”.

Por Lyvia Justino


Siga A IMPRENSA ONLINE no InstagramFacebookTwitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *