As mulheres além dos mandatos parlamentares

Camila, Iriny, Janete e Raquel revelam suas paixões além da política | Foto: Acervo pessoal

As mulheres têm assumido cada vez mais destaque no mercado de trabalho, na política e em outros diversos setores. Entretanto, o desafio de equilibrar essas conquistas com as responsabilidades da vida pessoal e as cobranças de uma sociedade machista ainda persiste.

Na Assembleia Legislativa, elas ocupam quatro cadeiras. Com perfis e histórias diferentes, as deputadas estaduais Janete de Sá (PSB), Iriny Lopes (PT), Camila Valadão (Psol) e Raquel Lessa (PP) se desdobram em diversos papéis e funções.

Formada em Enfermagem, com especialização em Obstetrícia e em Enfermagem do Trabalho, Janete de Sá ingressou, por concurso público, na então Companhia Vale do Rio Doce em 1975. Foi presidente do Sindicato dos Ferroviários de ES/MG por três mandatos seguidos nos anos 1990, sendo a única mulher a presidir a organização sindicalista. Em seu sexto mandato como deputada estadual, Janete foi eleita para o cargo pela primeira vez em 2002. A deputada preside a CPI que apura casos de maus-tratos e a Comissão de Proteção e Bem-Estar Animal da Ales.

Além de sua experiência profissional, Janete se descreve como “uma mulher normal, uma mulher do dia a dia, uma mulher simples”. É mãe, avó, sogra, irmã. Se preocupa com a família, com os afazeres da casa, cozinha, costura, gosta de fazer crochê, de ler e ir à praia.

Graduada em Administração, a trajetória de Raquel Lessa na vida pública teve início quando foi primeira-dama do município de São Gabriel da Palha, no mandato de 1997 a 2000. Em 2004, tornou-se a primeira mulher eleita para o cargo de prefeita da cidade, sendo reeleita para o Executivo municipal em 2008. Em 2014, foi eleita deputada estadual, cargo que está ocupando atualmente pelo terceiro mandato consecutivo.

Além de parlamentar, Raquel Lessa se divide em várias funções. “São várias mulheres. A mulher-mãe, a mulher-filha, a mulher-avó, a mulher-esposa, dona de casa”. É ela quem organiza a rotina da casa, faz as compras de supermercado. Gosta de cuidar do jardim, de suas flores e orquídeas, além de aproveitar o tempo livre para curtir a família. 

Deputada federal por três mandatos consecutivos, Iriny Lopes foi a primeira mulher eleita presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, na qual foi relatora da Lei Maria da Penha. Em 2011, foi nomeada ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Na Assembleia Legislativa, está em seu segundo mandato consecutivo. A deputada preside a Comissão de Cultura e Comunicação Social e é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos.

Para além da política, Iriny se define como “uma mulher igual a todas as mulheres”. É mãe, esposa, avó, bisavó. Cuida do planejamento da casa, vai à feira. Tem a literatura e o cinema como paixões. Gosta de cozinhar pratos gregos e italianos e de reunir amigos e familiares. 

Graduada em Serviço Social e doutora em Política Social, Camila Valadão foi presidente do Conselho Regional de Serviço Social e integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos. Elegeu-se vereadora por Vitória em 2020. Foi eleita para seu primeiro mandato de deputada estadual em 2022, tornando-se a mulher com a maior votação na história da Assembleia Legislativa, com 52.221 votos. Atualmente na Ales, preside a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos Humanos e é membro efetivo dos colegiados de Assistência Social e de Proteção à Criança e ao Adolescente.

Quando questionada sobre a mulher por trás da deputada, Camila é direta e concisa. “Eu sou a mãe do Francisco, sou assistente social de formação, doutora em política social, militante na defesa dos direitos humanos há muitos anos no Espírito Santo. Com muito afeto e acolhendo sempre a população”.

A bancada feminina no Legislativo capixaba demonstra como a diversidade enriquece o debate público e decisório. O processo de luta ainda é longo e diário. E as parlamentares ressaltam a importância da presença de mais mulheres nos espaços de tomada de decisão.

“Nós já conquistamos muito, mas falta muita coisa pra gente conquistar. Na política, principalmente. A mulher tem um pouco de medo de enfrentar a política, porque é um meio machista mesmo. Mas a mulher precisa ir para a política com a determinação e coragem que nós temos. Com a certeza que as mulheres fazem a diferença”, incentiva Raquel Lessa.

“Nós somos capazes. Nós somos a maioria na sociedade, mas nos espaços de poder e de decisão, nós somos uma minoria muito expressiva. Nós precisamos aumentar esse percentual de representação. A política é lugar de mulher e nós fazemos a diferença. Com esse olhar amplo que temos nós trazemos equilíbrio social e avançamos nas políticas públicas.”, reforça Janete de Sá. 

No Dia Internacional da Mulher é importante pontuar as conquistas e avanços, mas também destacar os desafios enfrentados pelas mulheres na consolidação de seus direitos e escolhas, e na batalha por afirmação e respeito.

Para a deputada Camila Valadão, o dia 8 de março é uma data de luta e reflexão. “Momento reflexivo, de pautar o avanço nas políticas públicas, nos direitos e garantias para as mulheres. Na minha perspectiva, essa não é uma data de celebração, a gente tem infelizmente muito pouco a celebrar no nosso país. É principalmente uma data de reivindicar direitos e afirmar bandeiras e lutas”.

A data serve para reforçar o poder da sororidade, como lembra a deputada Iriny Lopes. O termo, além de se referir à solidariedade e empatia entre mulheres, abrange a força da união de mulheres para enfrentar desafios comuns, combater estereótipos de gênero e promover a equidade.

“Nós somos as primeiras a sermos por nós. Devemos nos amparar, nos ajudar, criarmos laços de compreensão e afeto. A sororidade e a solidariedade nesse momento é a coisa mais importante que as mulheres podem receber no 8 de março”, conclui Iriny.

Por Larissa Lacerda | Com informações de Luan Antunes


Siga A IMPRENSA ONLINE no InstagramFacebookTwitter e YouTube e aproveite para se logar e deixar aqui abaixo o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *