Exposição na Ales alerta para o feminicídio

Louças quebradas e menções a marcas de sangue integram cena retratada na exposição de Zezé Corrêa | Foto: Ellen Campanharo

Foi aberta nesta segunda-feira (15) na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) a exposição Gritos Murmurantes, da artista plástica Zezé Corrêa. A mostra, que retrata uma cena de briga na sala de uma casa com pratos quebrados e rastros que seriam de sangue, leva o observador ao universo doloroso de uma mulher vítima de feminicídio. O público pode conferir o trabalho até a próxima sexta-feira (19).  

Segundo a artista responsável, o impacto em quem vê a instalação logo na entrada da Ales cumpre o papel de provocar a reflexão acerca do que a sociedade pode fazer para que “as mulheres possam viver em segurança dentro do espaço”. 

Zezé Corrêa diz acreditar que o caminho para acabar com o feminicídio passa pela mudança na forma como a sociedade enxerga a violência doméstica: 

“Culturalmente, a gente constrói a ideia de que em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher. Muitas dessas mulheres que foram mortas, e eu estou falando de um recorte do Espírito Santo, se alguém tivesse ouvido os seus gritos, os seus murmúrios, isso provavelmente poderia ter sido evitado”, pontuou.

A artista, que também é professora e pesquisadora, explicou ainda que escolheu a arte para tratar do assunto por seu apelo ao sensível.  “Eu acredito na potência da arte, a partir da estética, a partir dessa experiência, que a gente pode provocar essa reflexão. Até quando mulheres precisam ser mortas para que outras possam sobreviver?”

A instalação é uma iniciativa da Procuradoria Especial da Mulher da Ales em parceria com a Comissão de Cultura da Casa. A procuradora da mulher e presidente do colegiado de Cultura, deputada Iriny Lopes (PT), fez um convite durante a sessão ordinária desta segunda para que as pessoas visitem a exposição. “Está retratada a dor das famílias e das vítimas do feminicídio, que nós tanto falamos, mas que precisa mudar. Não só com políticas públicas, mas com postura e nova cultura”, destacou. 

Por Gabriela Knoblauch


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